Mãe é presa por abandonar filho autista sozinho por três dias em apartamento em Americana

Uma mulher foi presa na tarde desta segunda-feira (24) em Americana (SP), após deixar seu filho autista sozinho por três dias em um apartamento na Vila Bertoni. A ação foi realizada pela Guarda Municipal de Americana (GAMA), que recebeu uma denúncia anônima sobre a situação. A delegada Nathália Alves Cabral, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), autuou a mãe em flagrante por maus-tratos e abandono de incapaz. A criança foi encaminhada a um abrigo municipal.

Ao chegarem ao local, os agentes foram autorizados pelo porteiro a entrar no apartamento. Eles perceberam que a porta estava danificada e ouviram gritos de uma criança vindos do interior. Dentro do imóvel, encontraram o menino, que afirmou estar sozinho "há três dias e meio", sem acesso a comida ou higiene adequada. A criança relatou que sua mãe havia viajado e prometido retornar. No entanto, durante sua ausência, o garoto sobreviveu com uma vasilha de bolachas secas e velhas, além de um pequeno pacote de salgadinhos que racionou ao longo do fim de semana.

No quarto, os guardas encontraram uma cama de casal, um berço e uma faca de açougueiro entre as roupas, ao alcance da criança. O menino revelou que dormia em um colchão com mofo e que sua mãe, que tem outros três filhos, costumava deixá-los com os avós paternos enquanto participava de festas. Durante o período em que permaneceu sozinho, o garoto se comunicava com a mãe por mensagens de texto e áudio, expressando medo e solicitando permissão para tomar banho devido ao calor. Em uma das mensagens, ele escreveu: "Mamãe, quando você volta? Eu estou com medo. Por que você não falou comigo? Posso tomar banho? Está muito calor." A criança também mencionou que evitava banhos frequentes porque "a água é muito cara e a mamãe não deixa."

Enquanto uma equipe da GAMA permanecia com o menino, outra localizou a mãe no Conselho Tutelar, onde ela pretendia buscar a criança. A mulher foi presa e encaminhada à DDM. Como não possuía recursos para pagar a fiança, foi levada para a Cadeia de Monte Mor, onde aguardará a audiência de custódia. O menino permanece em um abrigo municipal, aguardando decisão da Vara da Infância e Juventude sobre seu futuro.

Este caso ressalta a importância da atenção e do cuidado com crianças, especialmente aquelas com necessidades especiais, e reforça a necessidade de apoio comunitário e institucional para prevenir situações de negligência e abandono.